Uma das cidades que mais me marcou foi Porto, em Portugal. Principalmente pelo contato com nossa língua pátria. Esse foi o momento que tive certeza da diferença entre o Brasileiro e o Português. Chegava a ser engraçado. Um dia estávamos passando de bar em bar para conhecer um pouco da noite de Porto, até que ouvimos um grupo de portugueses berrar em nossa direção:
- Para falar Brasileiro aqui, tens que pagar.
Foi engraçado e começamos a rir. Outro momento foi quando um dos meus amigos foi comprar um copo de sangria que custa cinquenta cents. Ele chegou e com toda a sua brasilidade:
- Eu quero aquela sangria de R$0.50 centavos.
- És brasileiro não é!? Aqui não é centavos, é cents!
Mais um choque. Entre muitos outros… como palavras no passado terminarem em: ão. E nos textos históricos ficava sempre aquele dúvida de passado e futuro. Cada vez que ouvíamos os portugueses falar nos lembrávamos dos “manezinhos” de Floripa. Sem contar a semelhança de algumas avenidas. Todas as vezes que abríamos a boca já percebíamos os portugueses com um sorrisinho de canto de boca. Porque apesar de conseguirmos nos comunicar a diferença é grande. Só na entonação das palavras já se sabe quem é quem. Uma das passagens que marcou nessa viagem foi um almoço. Estávamos andando durante a manhã toda em um calor infernal. Estávamos com fome e decidimos parar em um restaurante bem família, digamos. O dono, coincidentemente, se chama João. Uma mulher veio nos atender, mas logo disse que não trabalhava ali e que estava apenas ajudando o amigo. Meus amigos foram de “Francesinha”, um prato típico de lá. Eu já pedi uma meia porção de feijão com arroz. Para acompanhar, claro… um vinho. Até que a mulher que nos atendeu sentou na mesa ao lado, junto com outras mulheres e uma criança. A comida chegou e começamos a comer e conversar. De repente uma das mulheres da mesa chamou o João para reclamar de algo e pronto…. estava criada a discussão. A mulher que nos atendeu se envolveu na briga e começou a defender seu amigo João. Ficamos apenas observando. Até que do nada, uma senhora, que acredito era a mãe do João, aparece com uma travessa de arroz e joga na mesa. Olha para a mulher, já acuada e fala:
- Porque estais a fazer espetáculo? Queres espetáculo?
- Olhou bem nos olhos da mulher que reclamava com aquela cara assassina.
A moça responde meio tímida depois de tantos bombardeios. Não lembro bem o que ela falou. Era o fim da briga. A comida era incrivelmente boa e bem caseira. Me senti um pouco no Brasil novamente. Pagamos e seguimos nossa peregrinação pelos pontos turísticos da cidade. Tendo a certeza de que, sim, descendemos deste país.

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