O juiz apitou o final do jogo e o Criciúma havia vencido a partida em casa, mas quem iria levar a taça Sandro Pallaoro era a Chapecoense. Enquanto erguiam o troféu merecido, maior parte dos torcedores aplaudiu o time do Oeste em um gesto de carinho. Porém não foi isso que marcou este jogo fatídico. Nem tampouco o gol do atacante Adalgiso Pitbull, que não marcava a alguns jogos. O que marcou foi a atitude de uma minoria insignificante. Pelo vídeo são cerca de 10 torcedores que se encontravam no setor da torcida “Os tigres”. Acredito que tenham visto o vídeo e não irei reproduzir as palavras cantadas, porque não posso perpetuar tais dizeres. Naquele avião, não estavam apenas a delegação da Chapecoense, mas pessoas com família e uma vida pela frente. Muitos destes, inclusive, vestiram a camisa tricolor como parte da comissão técnica, jogando ou atuando no staff do Criciúma. Uma parte do futebol catarinense e brasileiro morreu naquele dia. Talvez esses “torcedores” nem tenham percebido o quanto estavam machucando as famílias e o futebol em si. Provocação é natural e tem que existir, mas nunca a falta de respeito. E imediatamente duas cenas vieram de minha memória. A primeira em 2013. Final do Catarinense. Era o segundo jogo na Arena Condá, em Chapecó, e o Criciúma estava com a vantagem. Chegamos cedo, por volta de 9h da manhã, junto com os colegas da imprensa. Iria fazer a cobertura fotográfica. Logo encontramos torcedores carvoeiros. E o clima amistoso entre as torcidas era o que mais chamava a atenção. “ Se fosse um time da capital não seria assim”, diziam ambas as torcidas. Quando a delegação do Criciúma chegou ao estádio, a torcida carvoeira já estava aos montes e fez um corredor para a passagem dos atletas. Ao redor muitos torcedores da Chape observavam a cena. Durante o jogo muitas provocações sadias entre a torcida e o Tigre se sagrou campeão.Sentíamos que éramos muito bem vindos. Fomos os últimos a sair do estádio e até nos ajoelhamos na goleira e roubamos uma graminha. Coisa de repórter/torcedor. No jantar, antes de voltarmos, encontramos a delegação do Criciúma que relatava como haviam sido bem recebidos. Dois times do interior, duas torcidas que se identificavam. Outro momento foi a homenagem que a “Os tigres” realizou no dia seguinte a tragédia. Estendendo toda a solidariedade a nossos irmãos. Muitos torcedores participaram e um círculo foi formado para uma oração que terminou em aplausos para os guerreiros da Chape. Como a maioria fez enquanto a Chape levantava seu troféu. Porém pouco importa toda essa história, agora. Porque o que ficará marcado é da atitude desses poucos covardes. Nas manchetes, textos e no facebook não está escrito “ Alguns torcedores”. Mas, sim, “Torcida do Criciúma”. Uma imagem de anos construída pela organizada, destruída em cinco minutos de canto. Porque nos dias atuais uma fagulha de segundos pode provocar um incêndio que não tem como apagar. É hora de os torcedores se unirem e pensarem em um grande ato, pois só assim poderemos remediar as consequências do ato impensado de uma minoria. Está na hora, também, de os integrantes e líderes da torcida repensarem suas atitudes e começarem a controlar mais seus membros. Foi por atitudes como essa que a organizada antiga acabou e agora com novas pessoas a frente tenta retornar. Que esse clima de amizade e rivalidade sadia que sempre existiu entre ambos os times prevaleça. Quanto aos autores da vergonhosa cantoria, por favor, fiquem em casa e nunca mais se digam torcedores do Criciúma. Porque o futebol é uma festa e não uma guerra.
terça-feira, 25 de abril de 2017
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