quinta-feira, 27 de abril de 2017

Crônicas de um intercambista: Uma noite em Amsterdam

Amsterdam uma cidade famosa pelo fato de ser liberada a maconha. Onde você encontra de camisinha a energético feitos de Canabis. Porém uma cidade que é muito mais que isso. Com uma arquitetura fantástica e uma beleza ímpar. Padarias, casas de queijo, entre tantas outras coisas. De Berlim pegamos um ônibus noturno, para dormir é claro, até Amsterdam. Chegamos de manhã cedo e a estação estava fechada. Esperamos ela abrir e ainda dormimos mais um pouco até chegar o primeiro trem. A noite decidimos fazer um “Pub Craw”, onde você vai com um guia de pub em pub e ganha uma dose em cada local. Esse era na Red Light, pagamos um valor, que não me recordo, e no primeiro pub tínhamos direito a 30 minutos de vodka liberada. Era só pedir e uma mulher lhe servia no bico. Na camisa do Pub Craw já estava escrito: “Uma noite que você não lembrará, mas nunca esquecerá”, em uma tradução livre. Achamos uma mesa e sentamos eu e meus amigos. Começamos a beber e logo um grupo de uns três caras e uma menina loira começou a berrar e dançar. Continuamos nossa conversa, mas observando aquela loucura. Até que um dos caras simplesmente abaixou o calção, ficou pelado e o levantou uns minutos depois. “ Eles devem estar muito loucos”, comentamos. Ele fez isso umas três vezes e … ninguém deu bola. Era hora de sairmos para desvendar os pubs. Como falei estávamos no Distrito da Red Light, para quem não sabe, é o local onde se concentram as profissionais do sexo bem como tudo relacionado ao assunto. Inclusive peças de teatro, cabines de vídeo ou de sexo ao vivo. Antes de sairmos uma recomendação dos organizadores:

- Não batam foto de jeito nenhum. De celular ou qualquer forma. Se você ameaçar bater ou fazer algum tipo de imagem você vai ter que se virar com os cafetões. É terminantemente proibido qualquer tipo de imagem.

Enfim, começamos a andar pelas ruas e logo a primeira vitrine apareceu, uma mulher morena de lingerie chamava homens e provocava no espelho. E assim fomos caminhando até o primeiro pub. Primeiro shot e aquela hesitação de não conhecer ninguém que estava na mesma aventura. Encontramos, claro, alguns brasileiros e logo começamos a conversar. Em cada pub, uma característica diferente. Em um deles havia uma placa: “ Se for fumar maconha seja bem vindo, cigarro fume na rua”. Caminhamos por quase todo o distrito e era como se eu estivesse caminhando no centro da minha cidade. A diferença é que em cada vitrine havia uma mulher ou transexual dançando de lingerie. Algumas saíam na porta e mostravam os seios para chamarem os homens. Haviam todos os tipos de mulheres de todas as idades. A última parada era em uma “boate”. Estávamos animados para conhecer, afinal, era Amsterdam. Chegando lá a decepção veio com tudo. O  local era pequeno, apertado e o som era como se fosse um heavy metal da música eletrônica. Um ritmo pesado e um cara com moicano ficava cantando uns versos aleatórias em uma língua impossível de decifrar, acredito que era o holandês.  Mas o local estava lotado e o pessoal não parava de pular. Era uma loucura. “Tem que estar muito chapado pra curtir isso”, pensei. Ficamos ali tentando entender o que estava rolando com nossos novos amigos brasileiros. Depois era hora de ir para o hostel mais doido da europa. Todo pichado e com um chuveiro matador por onde saiam três fios de água, um para o teto, outro para a parede e o último para baixo.  Era o fim de uma noite em Amsterdam. Porque na outra dormiríamos na rua… mas isso é história para outro crônica.

terça-feira, 25 de abril de 2017

“ Ão Ão Ão essa não é a torcida do tigrão”


O juiz apitou o final do jogo e o Criciúma havia vencido a partida em casa, mas quem iria levar a taça Sandro Pallaoro era a Chapecoense. Enquanto erguiam o troféu merecido, maior parte dos torcedores aplaudiu o time do Oeste em um gesto de carinho. Porém não foi isso que marcou este jogo fatídico. Nem tampouco o gol do atacante Adalgiso Pitbull, que não marcava a alguns jogos. O que marcou foi a atitude de uma minoria insignificante. Pelo vídeo são cerca de 10 torcedores que se encontravam no setor da torcida “Os tigres”. Acredito que tenham visto o vídeo e não irei reproduzir as palavras cantadas, porque não posso perpetuar tais dizeres. Naquele avião, não estavam apenas a delegação da Chapecoense, mas pessoas com família e uma vida pela frente. Muitos destes, inclusive, vestiram a camisa tricolor como parte da comissão técnica, jogando ou atuando no staff do Criciúma. Uma parte do futebol catarinense e brasileiro morreu naquele dia. Talvez esses “torcedores” nem tenham percebido o quanto estavam machucando as famílias e o futebol em si. Provocação é natural e tem que existir, mas nunca a falta de respeito. E imediatamente duas cenas vieram de minha memória. A primeira em 2013. Final do Catarinense. Era o segundo jogo na Arena Condá, em Chapecó, e o Criciúma estava com a vantagem. Chegamos cedo, por volta de 9h da manhã, junto com os colegas da imprensa. Iria fazer a cobertura fotográfica. Logo encontramos torcedores carvoeiros. E o clima amistoso entre as torcidas era o que mais chamava a atenção. “ Se fosse um time da capital não seria assim”, diziam ambas as torcidas. Quando a delegação do Criciúma chegou ao estádio, a torcida carvoeira já estava aos montes e fez um corredor para a passagem dos atletas. Ao redor muitos torcedores da Chape observavam a cena. Durante o jogo muitas provocações sadias entre a torcida e o Tigre se sagrou campeão.Sentíamos que éramos muito bem vindos. Fomos os últimos a sair do estádio e até nos ajoelhamos na goleira e roubamos uma graminha. Coisa de repórter/torcedor. No jantar, antes de voltarmos, encontramos a delegação do Criciúma que relatava como haviam sido bem recebidos. Dois times do interior, duas torcidas que se identificavam. Outro momento foi a homenagem que a “Os tigres” realizou no dia seguinte a tragédia. Estendendo toda a solidariedade a nossos irmãos. Muitos torcedores participaram e um círculo foi formado para uma oração que terminou em aplausos para os guerreiros da Chape. Como a maioria fez enquanto a Chape levantava seu troféu. Porém pouco importa toda essa história, agora. Porque o que ficará marcado é da atitude desses poucos covardes. Nas manchetes, textos e no facebook não está escrito “ Alguns torcedores”. Mas, sim, “Torcida do Criciúma”. Uma imagem de anos construída pela organizada, destruída em cinco minutos de canto. Porque nos dias atuais uma fagulha de segundos pode provocar um incêndio que não tem como apagar. É hora de os torcedores se unirem e pensarem em um grande ato, pois só assim poderemos remediar as consequências do ato impensado de uma minoria. Está na hora, também, de os integrantes e líderes da torcida repensarem suas atitudes e começarem a controlar mais seus membros. Foi por atitudes como essa que a organizada antiga acabou e agora com novas pessoas a frente tenta retornar. Que esse clima de amizade e rivalidade sadia que sempre existiu entre ambos os times prevaleça. Quanto aos autores da vergonhosa cantoria, por favor, fiquem em casa e nunca mais se digam torcedores do Criciúma. Porque o futebol é uma festa e não uma guerra.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O Português



Uma das cidades que mais me marcou foi Porto, em Portugal. Principalmente pelo contato com nossa língua pátria. Esse foi o momento que tive certeza da diferença entre o Brasileiro e o Português. Chegava a ser engraçado. Um dia estávamos passando de bar em bar para conhecer um pouco da noite de Porto, até que ouvimos um grupo de portugueses berrar em nossa direção:

- Para falar Brasileiro aqui, tens que pagar.

Foi engraçado e começamos a rir. Outro momento foi quando um dos meus amigos foi comprar um copo de sangria que custa cinquenta cents. Ele chegou e com toda a sua brasilidade:

- Eu quero aquela sangria de R$0.50 centavos.

- És brasileiro não é!? Aqui não é centavos, é cents!

Mais um choque. Entre muitos outros… como palavras no passado terminarem em: ão. E nos textos históricos ficava sempre aquele dúvida de passado e futuro. Cada vez que ouvíamos os portugueses falar nos lembrávamos dos “manezinhos” de Floripa. Sem contar a semelhança de algumas avenidas. Todas as vezes que abríamos a boca já percebíamos os portugueses com um sorrisinho de canto de boca. Porque apesar de conseguirmos nos comunicar a diferença é grande. Só na entonação das palavras já se sabe quem é quem. Uma das passagens que marcou nessa viagem foi um almoço. Estávamos andando durante a manhã toda em um calor infernal. Estávamos com fome e decidimos parar em um restaurante bem família, digamos. O dono, coincidentemente, se chama João. Uma mulher veio nos atender, mas logo disse que não trabalhava ali e que estava apenas ajudando o amigo. Meus amigos foram de “Francesinha”, um prato típico de lá. Eu já pedi uma meia porção de feijão com arroz. Para acompanhar, claro… um vinho. Até que a mulher que nos atendeu sentou na mesa ao lado, junto com outras mulheres e uma criança. A comida chegou e começamos a comer e conversar. De repente uma das mulheres da mesa chamou o João para reclamar de algo e pronto…. estava criada a discussão. A mulher que nos atendeu se envolveu na briga e começou a defender seu amigo João. Ficamos apenas observando. Até que do nada, uma senhora, que acredito era a mãe do João, aparece com uma travessa de arroz e joga na mesa. Olha para a mulher, já acuada e fala:

- Porque estais a fazer espetáculo? Queres espetáculo?

- Olhou bem nos olhos da mulher que reclamava com aquela cara assassina.

A moça responde meio tímida depois de tantos bombardeios. Não lembro bem o que ela falou. Era o fim da briga. A comida era incrivelmente boa e bem caseira. Me senti um pouco no Brasil novamente. Pagamos e seguimos nossa peregrinação pelos pontos turísticos da cidade. Tendo a certeza de que, sim, descendemos deste país.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Te ajudo…


“Eu te ajudo. Pode fazer”. Quem nunca escutou essas palavras e na hora H ninguém estava lá como havia prometido? Mania de brasileiro… Essa de querer agradar todos a todo o tempo e prometer o que invariavelmente não vai cumprir. Outro exemplo é o famoso: “Marcamos algo”, que nunca acontece. Ambos sabem que não irá acontecer mas prometem mesmo assim. E sempre aprendemos da maneira mais difícil: esperando a promessa ocorrer. Assim, ao longo da vida, essas palavras simplesmente vão perdendo o valor. Pelo menos em nossas terras tupiniquins. Até é surpreendente quando, por exemplo, quem prometeu ajudar realmente o faz. Ou então realmente ocorre aquele churrasco com amigos antigos. Talvez por isso vivamos em uma sociedade “papelizada”, onde tudo tem que estar escrito, assinado e escriturado para ter valor. Não que todos sejam assim, obviamente. Mas, que mania engraçada essa de falarmos o que sabemos lá no fundo que não vamos fazer. A pergunta que fica é porque o fazemos? Insistimos nessa ilusão de simpatia. Engraçado é observar como é comum ou, então, como é difícil dizer não. Melhor mesmo é mentir e depois evitar. Criamos um medo da verdade, um medo de parecer rude ou então falar o que realmente queremos ou podemos fazer. É por isso que é importante ter poucos e bons amigos. É por isso que temos que lutar sozinhos e batalhar da nossa forma, sem esperar nada. Somos neuróticos querendo agradar a todos todo o tempo. Claro, não são todos. Porém queremos sempre ser os “boas praças”. Quer dizer… isso na vida offline. Porque na online… é outra história.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Crônicas de um Intercambista: A Rosa de Berlim!

Uma rosa em meio aquele muro cinza me chamou atenção. Um posto de vigilância desativado que fazia parte do Muro de Berlim. E no meio daquele monstro acinzentado uma esperança rosa. Logo busquei o melhor ângulo e a fotografei utilizando um filtro Preto e Branco. Na busca de simbolizar o passado e o que aquela rosa representava: um recomeço. Ao lado um memorial com diversas flores e foto das vítimas daquele muro. Porém nenhuma delas simbolizava tanto, quanto aquele rosa perdida e solitária. O que faria ali? Tão distante das outras. Não sabia dizer. Era forte o sentimento. Muitas questões se levantaram em meu alter ego. Até que vi em um dos jornais a foto de uma senhora colocando a rosa naquele exato lugar. Sem entender alemão pesquisei na internet e descobri que ela era uma das vítimas daquele tempo nefasto que dividiu não apenas nações, mas famílias inteiras. Aqueles olhos simpáticos que ali, em meio a tudo que o Muro de Berlim representa, foram capazes de levar uma mensagem de renascimento. Simples e pura. Começava ali os ensinamentos que só a história alemã podem nos dar. Ainda faríamos, nesse dia, uma visita ao museu do Holocausto. Caminhando no sol e com nossas mochilas de 25kg. Mas isso deixarei para um outro texto… Quantas famílias divididas? Quantos irmãos que ficaram anos sem se ver? Ou que nunca mais se encontraram… Quantos desses muros construímos ao nosso redor? Muitas vezes, sem perceber afastando aqueles que mais nos são sagrados. Muros dentro de nós. Por toda a cidade encontramos partes desse passado sombrio. Inclusive com pinturas e grafites, uma forma de levar alegria e cor ao cinza daquele tempo. Começou com uma cerca, como entre os EUA e o México. Porém muitas pessoas pulavam do lado Soviético para o Capitalista. Principalmente, porque ela ficava próxima dos prédios. Até que decidiram construir duas barreiras, com um corredor no meio e diversas torres de vigia. Tudo para evitar que aqueles seres humanos pudessem exercer o maior direito de todos: a liberdade. Pelo menos no sentido de poder viajar ou visitar parentes no lado ocidental. Na realidade é até estranho. Se pararmos um minuto para pensar nós inventamos países, estados, cidades e línguas diferentes. Porém qual a diferença real entre nós? Nenhuma. Que quebrem os muros então! Talvez todas essas divisões e diferenças culturais sejam uma forma de dar sentido à existência humana no planeta. Dar um senso de pertencimento a algo. Porém no fundo, na base, somos todos iguais. Braços dados ou não, como diria a música. E a rosa? Provavelmente já deve ter perecido pelo tempo. Porém eternizada por minhas lentes e meu coração.

terça-feira, 11 de abril de 2017

O fim

Era o dia do velório do João, um dia chuvoso e triste. “Um exemplo para toda a família”, diziam os familiares. Um homem alto, com olhos azuis e forte. Porém depois de quase 50 anos trabalhando sucumbiu. Foram quase 70 anos de vida e quase zero de faltas no serviço. Aposento? Sim. Mas não foi suficiente, teve que continuar a trabalhar. “ Vou virar político”, dizia. Nunca viajou para outro país ou saiu de sua cidade. Passou a vida do trabalho para casa e da casa para o trabalho. Adorava sentar na varanda em sua cadeira de balanço e ficar observando as pessoas passarem na rua. Cada uma com sua história. “Eu conhecia todo mundo aqui, agora já nem sei mais quem são. Olha aquele guri com tatuagem! Que coisa mais feia”, costumava comentar quando sua esposa o acompanhava. A cidade continuava a crescer e a varanda teve de ser abandonada já que o volume de carros passando e a velocidade com que passavam na frente de sua casa o irritavam. Os vizinhos que costumava conhecer e jogar conversa fora haviam se mudado. O primeiro a vender a casa para a construção de um prédio onde havia ganhado um apartamento, já havia batido as botas. Já não tinha mais graça, inclusive andar pelo quintal, já que a única coisa que dava para se observar era mais um arranha céu. Quando percebera a sua era a única casa da antiga vizinhança que resistia. Olhava todos os dias aquelas construções monstruosas e sentia saudade, sentia que haviam roubado a única coisa que amava mais que tudo na vida: sossego. As doenças começaram a aparecer. Pessoas estranhas. Barulhos noturnos. Carros e mais carros. Sua inquietação era evidente. Já não tinha mais vontade de chegar em casa. Preferia ficar no trabalho e fazer mais horas e horas. Até que um dia, ao voltar tarde da noite, um jovem o abordou com uma faca na mão e anunciou o assalto. Sem saber o que fazer tentou se desvencilhar do marginal e caiu. Enquanto via ele correr, não sentia a sua perna e não conseguia levantar. Foi a terceira pessoa a passar pelo local que chamou uma ambulância. Já não podia mais andar. E a tristeza começou a dominar o coração. Nas suas últimas horas de vida. Foi até a varanda em sua cadeira e começou a relembrar dos momentos vividos naquela casa. Os filhos a correr pela vizinhança ou estragando alguma planta no quintal e como eles cresceram e já não frequentavam tanto a sua casa. Os vizinhos que já não estavam lá. E as horas passadas ali naquele local. Brincando de adivinhar o que estava na mente de cada um que passava. Aquele era o seu castelo. Deu um último suspiro e se foi… Era o dia do seu velório… e a chuva caía como as lágrimas de sua amada. Desde que casaram há 40 anos ela esteve ao lado de João. Na alegria e na tristeza. Até que a morte os separou. Diferente de seus filhos com suas vidas complicadas. Um já estava na segunda esposa e tinha uma filha do primeiro casamento. Já o outro continuava nas festas e bebedeiras. A vida era simples para o casal. “ A felicidade está nas pequenas coisas da vida. Simplesmente vivam meus filhos”, costumava dizer. Porém eles acreditavam que ele deveria viajar e fazer mais coisas. Mal sabiam que aquela casa e aquele quintal eram um mundo particular para João. Observar os animais, cuidar de sua horta e ficar na varanda…. Até ter seu mundo roubado pelos assombrosos novos vizinhos. Chegava a hora do enterro. Uma vida. Dias e dias. Anos… que se foram. Um ciclo que chegava ao fim. “ Ele não desperdiçou um dia de sua vida, como sempre pensamos. Ele viveu a felicidade em sua plenitude. Em seu mundo. Enquanto todos tentavam agradar aos outros ele se preocupava apenas em viver os sabores de sua simplória existência. Não precisamos de muito para isso. Apenas precisamos entender o quão bom é estar vivo e poder desfrutar de momentos na varanda”, discursou um dos filhos.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Crônicas de um intercambista: A briga com o Alemão!

Estávamos em Berlin e queríamos conhecer o campo de concentração Sachsenhausen que ficava próximo a cidade. Era hora de pegarmos o trem e, assim, começava a nossa saga. Simplesmente porque se você está na Alemanha não tem escapatória simplesmente a língua é um pouco complicada. Primeira dica é sempre utilizar o Google Maps, porque você coloca o destino e ele mostra os trens/ônibus e afins para que você chegue lá. Porque mapas em alemão!? É tipo como se todas as ruas fossem a mesma. Foi assim que começamos a pegar os trens…. Até que em uma das estações havia uma placa com linhas de trem escritas em alemão. Ora o que significa isso? Já não bastava em uma das vezes termos pego um trem em uma estação e na seguinte o motorista falar em alemão, o que não mudaria muita coisa se fosse em qualquer outra língua porque simplesmente é impossível decifrar o que falam. Até que o trem voltou para a estação onde estávamos. E agora? Pegamos o trem mesmo assim. E quando você entra em um desses a primeira coisa é… dormir. Chegamos na estação seguinte e não tinha mais trens. Nós tínhamos que chegar a mais uma estação. E novamente a placa estava lá. E você pensa… “Quem consegue falar essa língua? É só consoantes e consoantes…” Lembrei de quando chegamos em Vienna e olhei o mapa. Não entendia nada. Vale ressaltar que tínhamos passado por Porto, Barcelona e Roma, até então línguas familiares para nós. Nossa sorte que uma família de brasileiros estava no trem e comentaram ao ver a placa que os trilhos estavam em reparo e que teríamos que pegar um ônibus. Porém o tempo que ficamos observando aquela placa sem esperança havia-nos feito perder uma linha e tivemos que esperar. Depois dessa briga com a língua alemã, conseguimos chegar no campo de concentração… Mas essa parte fica para outra crônica. Já que tem muita história.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Bem vindo ao Brasil

Uma blusinha, era tudo que ela precisava. Mas ao chegar na loja e ver aquelas milhares de opções a blusinha se transformou em uma calça, um sapato e uma bolsa. Era hora de pagar e o dinheiro? “É pra isso que existe parcelamento”, pensou. Chegando ao caixa uma surpresa:

- Você só pode parcelar se fizer o cartão da loja e ainda tem 10% de desconto. - falou a atendente.

- Então tá, 10% nas compras que eu fizer com ele neh!?

- Isso. Preciso da sua carteira de identidade e preencher um cadastro.

- Cobra alguma taxa?

- Não.

Depois de uma espera de 10 minutos. Tudo pronto. Finalizada a compra e o cartão na mão. “ Pelo menos agora tenho 10% nas compras”, pensou. Saindo dali foi até a farmácia e já aproveitou para colocar R$ 30 reais de crédito no celular. Era hora de ir para casa com a certeza de que fizera tudo que deveria. Até, pelo menos, o dia seguinte. Quando precisava realizar uma ligação urgente para uma cliente do seu salão de beleza e ouviu no outro lado da linha: “Saldo insuficiente para efetuar chamadas”.

- Mas como se eu coloquei crédito ontem.- Falou para sua funcionária.

- Ixi, bem vinda ao buraco negro da telefonia. Onde todos os seus créditos somem sem dar explicação.

- Que inferno! E agora?

- Manda um whats.

- Verdade! Pelo menos isso salva..

Ainda meio frustrada, decidiu que merecia uma nova jaqueta. Já que o inverno estava chegando e precisava renovar o guarda-roupa. Logo, o cartão veio a mente e voltou à loja. Escolheu uma peça e resistiu bravamente as novas tentações. Se dirigiu ao caixa e passou o cartão parcelando em 10 salvadoras vezes. Porém ao ver a conta….

- Nenhum desconto? Como assim esse cartão dá 10%!

- Desculpe, senhora. Mas esse desconto é apenas para a primeira compra.

- Oi? Me falaram que era em todas as compras!

 -Então devem ter falado errado para a senhora.

Saiu esbravejando do local e com um sentimento de frustração que crescia. Jogou imediatamente o cartão no lixo. Chegando em casa ao olhar na caixa de correio mais uma surpresa do tal cartão…. Uma taxa de manutenção. Estava farta de toda hora ser enganada. “ Bem vindo ao Brasil….”, disse a si e entrou em casa, onde decidiu tomar um vinho francês para esquecer.