sexta-feira, 22 de março de 2013

Um lar

Uma casa simples de um cômodo com um pequeno banheiro e um armário separando a cozinha do quarto, que possui duas camas, não tem espaço para guardar a felicidade. Nela vivem Joana e seus quatro filhos, localizada na parte de trás da casa de sua mãe. Muitos são os problemas da casa... Portas quebradas, infiltrações, entre outros. Joana vive no espaço desde a morte de seu marido. Porém a satisfação se vê no rosto dos moradores. Felizes continuam a “tocar” a vida. E como se não bastasse dos quatro filhos, três possuem autismo. Para reformar a casa uma corrente, em busca de recursos, está sendo feita pelos moradores da localidade. Em cada nova fala sobre como é difícil a rotina está presente o sorriso e um tom amoroso.

- Tenho que levá-los a escola, se deixarmos eles sozinhos quebram tudo. – conta a avó das crianças, com amor.

Uma casa de dois andares duas salas, cozinha, quatro banheiros, quatro quartos, três suítes possui muito espaço para guardar a infelicidade. Nela vivem uma mãe um pai e quatro filhos. Porém as discussões e brigas são freqüentes e as lágrimas brotam fácil das faces em desespero. Os berros, às vezes, se escutam de longe. Uma mãe aniquilada, presa em um relacionamento que não possui voz nem vez. Filhos sendo controlados a todo o momento. Brigas e discussões. A infelicidade e o conformismo são tons presentes nas falas dos que vivem na “mansão”. Conversas onde o “EU” é mais presente do que outro qualquer assunto. Enquanto o pai só pensam em dinheiro, como ganhar mais e como gastá-lo, também.

- Nossa eles devem ser muito infelizes. Sempre escutamos as brigas e discussões. Deve ser um inferno. – comenta um dos vizinhos.

É hora do almoço, Joana prepara um de seus filhos, que chegou da escola, para ir para a APAE. Quando o ônibus chega, ele vai e o outro desce. Corre para dar banho e lhe dar o almoço para ele ir para a escola. Ela não tem condições de trabalhar. Já que tem que cuidar dos filhos. Marcar médicos, dar os medicamentos e ficar de olho. Sempre de olho. Dois vivem fugindo da casa e é preciso correr atrás, já que eles vivem em seu mundo sem se importar com o nosso. A avó, também, entra na roda. Não é aposentada e não pode trabalhar, também, porque Joana possui um problema leve na cabeça.

- Ela tem vergonha, mas ela também toma medicamento. Teve uma convulsão com 12 anos, se tratou, mas não adiantou. Então me sinto responsável por eles todos. – contou a avó, com um sorriso no rosto.

Pratos “chiques” e copos à mesa. O pai chega para almoçar, vê a mesa e já começa a reclamar. Os filhos chegam e vêem a cena. Comem em meio às discussões e reclamações. A mãe não trabalha, para cuidar dos filhos. Porém a verdade é que ela até queria trabalhar, ter sua independência. Porém o pai, por ciúmes ou machismo, não aceitou. Após comer, as crianças são arrumadas para ir à escola. E o pai continua a reclamar tudo tem que ser do seu jeito. A mãe nada pode fazer, apenas vive a solidão do conformismo.

- Como diria o ditado: “Dinheiro compra casa, mas não compra um lar”. – comenta o vizinho.

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