O menino chuta a bola na parede. Ela, por sua vez, volta ao pé do garoto. Neste movimento repetitivo, perdi meus olhos e minha mente. O menino sorria e divertia-se com esta ação infantil. Porém o que é mais importante, o meu julgamento ou o seu sorriso? Como disse, perdi meus olhos e minha mente, que viajam dentro daqueles pés, daquela bola que batia na parede. Vai e vem. Nada atraí meu ser nesse jogo solitário, apenas à diversão da criança só. Onde estão os amiguinhos do menino? Será que estão tomando café? Será que o menino não tem amigos? O seu sorriso me responde: “Pouco importa os outros, sou feliz nessa brincadeira”.
Vai e vem. O jogo continua para meu menino solitário. Vai e vem. Lembro da minha vida. Vai e vem. Esqueço que esqueci meu computador ligado. Vai e vem. O menino segura a bola em sua mão fita meus olhos e sorridente pergunta: “Quer brincar moço?” Meu corpo não se move. Minha boca não produz nenhum tipo de som. Balanço a cabeça negativamente, pensando, quem é mais solitário, eu, que numa tarde de domingo observo-o sozinho sentado na praça, ou ele, que brinca solitário? Vai e vem. O menino volta a jogar e descubro que, ao menos, ele tem a companhia da bola. Vai e vem. Descubro, neste vai e vem, o quanto a vida adulta trouxe-me a seriedade. Vai e vem. Meu menino solitário não precisa de muito para se divertir e sabe dar valor as pequenas coisas. Vai e vem. Essa vida de muitas responsabilidades e pouca diversão me trouxe a solidão. Vai e vem. Vou mudar isso! Vai e vem. Chamo-o e digo: “Posso jogar?”.

essa é muitooo boa, Lucas!
ResponderExcluirlhe dou Parabéns porque estou vendo seu talento e sei o cara legal que você é!
beijoo :** e muito sucesso! SEMPRE!