“Nós que aqui estamos, por vós esperamos”, o documentário que vai de lápide em lápide contando histórias da humanidade e dos personagens inventados, era isso o que se passava em minha mente. Estávamos a alguns metros abaixo do chão, em Paris, última cidade de nosso mochilão. O ambiente um pouco escuro dava a ambientação perfeita para as Catacumbas da cidade. A cada novo passo a frase título fazia mais sentido. Pilhas de ossos e diversas “galerias” sendo que, geralmente, os crânios formavam uma figura. Paro, uma delas me chama a atenção. “Um coração, que loucura”, penso. Placas de diversos cemitérios e anos. De 1800, 1864.. e por aí vai. Sem saber onde colocar os ossos dos cemitérios da capital francesa, um dos reis decidiu utilizar os túneis do império romano para o armazenamento. Durante o Iluminismo foi criado a única parte para a visitação. O exercício principal é imaginar o porque de aquelas vidas terem sido perdidas. “Esse morreu em um duelo, olha o buraco no crânio onde a bala passou”, imagino. Crio diversas histórias. Minha imaginação voa, mas um fato me chama a atenção. Todos eram iguais. Não havia distinções de riqueza, cor de pele, sexualidade e afins. Simplesmente diversas pilhas de ossos. Sem distinção. Não tem como não pensar em toda a nossa vida ou refletir sobre a nossa existência como humanos aqui na terra. Afinal, no fim, somos todos iguais. Feitos de carne e osso. De desejos e sonhos. De amor e ódio. Roupas, carros e festas caras nos definem? Não nas Catacumbas. Local onde jazem ricos e pobres, brancos e negros, homo e heteros… Todos iguais. Perdemos tanto tempo brigando e nos dividindo, com opiniões ferrenhas e fechadas, mas a vida não é assim. Muda constantemente. Cada dia perdido em discussões e brigas bobas é descontado de nosso tempo na terra. Viver é estar vivo. É viajar pelos dias e aproveitar as horas. É o cheiro do orvalho, o sorriso de uma criança. É o abraço amigo, a paixão… viver é amar. O sol começava a aparecer era fim da nossa visita as Catacumbas. Saímos em uma das tantas ruas de Paris. Hora de comer algo, voltar para o hotel e rumar para a nossa casa. Apenas com um certeza no coração: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. Hora de aproveitar cada segundo na terra.
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