A manhã estava quente. Acordei com o corpo todo molhado de suor, mas a beleza do céu mostrava que tudo ia melhorar. Comi algo, não me lembro o que, me vesti e fui dar aquela caminhada na praia. Descobri, então, a magia do verão, ou melhor, de um biquíni fio dental. Coisas de homem sabem mulheres? Não vejo nada de vulgar em um biquíni pequeno, que nos deixa na duvida se existe ou não algum tecido no corpo. Porém isso deixa qualquer marmanjo louco! Enquanto algumas meninas passavam, e alguns rapazes tinham torcicolo, por incrível que pareça, me concentrei no movimento do mar. Sabe aquela coisa monótona de uma onda ir e vir e assim para sempre, então, fiquei ali vagueando dentro do meu universo. Percebi que o passado é como aquela onda vai e retorna no momento certo... Para acabar com a nossa vida é claro!
É a ex-namorada aparecendo do nada, justamente quando você já tinha esquecido. Gente voltando do além pra te cobrar algo do qual você já nem lembra. A sua mãe contando aquele episódio, que você passou mais fiasco na vida, para as amigas dela e por aí vai... Essa é uma das coisas que não entendo. Porque aquela ferida, que você esqueceu aberta, sempre volta a doer? Porque o passado sempre aparece no momento errado na hora errada e vira a nossa vida de ponta cabeça? Estranho esse marginal destruidor de lares chamado Passado.
Droga... Acabei de molhar o pé, que água gelada. O sol ta me torrando e minha idéias também. Ah, vá lá, talvez o passado não seja este monstro. Talvez a culpa seja nossa de deixar assuntos e sentimentos pendentes para o dia de amanhã ao invés de encerrarmos tudo hoje. E esse tal de destino aí, dia ou outro, nos coloca frente a frente com o problema. Droga! Bem que podia ser diferente... Destino cruel!
