Dois amigos, um bar meio caindo aos pedaços, muitas bebidas e apenas um assunto: um acidente de carro impressionante. “Como ele saiu ileso? É impossível capotar tantas vezes e sair sem ferimentos graves”, disse José iniciando o assunto. “ Verdade, esse teve sorte. Passar reto assim sem enxergar um trevo. Visse as fotos e os vídeos?”. “Nossa, com certeza. Recebi em trezentos grupos diferentes. Todo mundo falando. Parece que o cara tava bêbado”. “ Pois é, já pensou se ele mata alguém inocente? Como ficaria?”. “ Verdade. Complicado não é!?”, respondeu Marcelo. “Ta faltando alguma coisa, já sei. Brother desse uma bem gelada aí. Esse calor ta de matar. Agora, visse os comentários nas redes sociais? Rapaz estão bombardeando o cara”. Antes de responder, Marcelo dá um gole na cerveja. “Nossa que coisa boa, agora sim. Pois é rapaz, mas também encheu a cara e vai dirigir. Aí não dá neh!? Complicado”. “ Nossa estão chamando ele de tudo, até que ele merecia ter se ferido”, falou José. “Pois é, mas olha o que o cara fez? Podia ter sido muito pior. Tá loco!? beber daquele jeito e dirigir. E na velocidade que ele tava”. “ É… Ele se negou a fazer o bafômetro, mas parece que a polícia constatou que ele tava embriagado. Esse ai ta ralado, perdeu o carro, tem a multa e vai perder a carteira”. “ Pois é pouco, para esse vagabundo. Nossa essa cerveja ta descendo que nem água, vou pedir outro. Aew, mais uma aqui!”. “ Tu viu o face do cara? Bah até isso já estão espalhando”. “Tá certo,tem que mostrar o nome, endereço e a cara. Quer fazer besteira e depois quer se esconder? Aí não dá neh!?”. “ Bom, mas não é bem assim. Ele já vai pagar bem caro o que ele fez. Agora como as pessoas gostam de tragédia não é!? Logo querem saber quem é, quem foi e quem não foi”. “ Verdade, basta ver os aglomerados de pessoas que juntam esse tipo de coisa. Ou então quando se está na estrada e tem uma fila porque todo mundo desacelera o carro para ver a desgraça do outro”. E assim a conversa se desenrolou por diversas horas. E muitas cervejas depois, o assunto voltou à tona. “Olha esse comentário aqui, desejando a morte do rapaz. Como é que pode não é!? Podia ser qualquer um de nós. Só precisou de alguns segundos para esse cara passar a ser tratado como bandido”, disse José. “ Mas ele mereceu! É um bandido como qualquer outro, fazer o que fez. Quem é o imbecil que bebe que nem louco, depois dirige e coloca a vida de outras pessoas em risco!”. O telefone toca e Marcelo atende. Era hora de ir embora. “Sua mulher ligou? Tá mais tu vai dirigir assim? Eu moro aqui, fica por aqui”, alertou José. “ Eu tô zerado rapaz! Deixa de ser doido. Não sou que nem aquele cara”. “ Tu quase caiu agora pra se levantar”. “Fica na tua! Até”, respondeu Marcelo e foi embora cambaleando do bar.
terça-feira, 15 de maio de 2018
Hipocrisia
Dois amigos, um bar meio caindo aos pedaços, muitas bebidas e apenas um assunto: um acidente de carro impressionante. “Como ele saiu ileso? É impossível capotar tantas vezes e sair sem ferimentos graves”, disse José iniciando o assunto. “ Verdade, esse teve sorte. Passar reto assim sem enxergar um trevo. Visse as fotos e os vídeos?”. “Nossa, com certeza. Recebi em trezentos grupos diferentes. Todo mundo falando. Parece que o cara tava bêbado”. “ Pois é, já pensou se ele mata alguém inocente? Como ficaria?”. “ Verdade. Complicado não é!?”, respondeu Marcelo. “Ta faltando alguma coisa, já sei. Brother desse uma bem gelada aí. Esse calor ta de matar. Agora, visse os comentários nas redes sociais? Rapaz estão bombardeando o cara”. Antes de responder, Marcelo dá um gole na cerveja. “Nossa que coisa boa, agora sim. Pois é rapaz, mas também encheu a cara e vai dirigir. Aí não dá neh!? Complicado”. “ Nossa estão chamando ele de tudo, até que ele merecia ter se ferido”, falou José. “Pois é, mas olha o que o cara fez? Podia ter sido muito pior. Tá loco!? beber daquele jeito e dirigir. E na velocidade que ele tava”. “ É… Ele se negou a fazer o bafômetro, mas parece que a polícia constatou que ele tava embriagado. Esse ai ta ralado, perdeu o carro, tem a multa e vai perder a carteira”. “ Pois é pouco, para esse vagabundo. Nossa essa cerveja ta descendo que nem água, vou pedir outro. Aew, mais uma aqui!”. “ Tu viu o face do cara? Bah até isso já estão espalhando”. “Tá certo,tem que mostrar o nome, endereço e a cara. Quer fazer besteira e depois quer se esconder? Aí não dá neh!?”. “ Bom, mas não é bem assim. Ele já vai pagar bem caro o que ele fez. Agora como as pessoas gostam de tragédia não é!? Logo querem saber quem é, quem foi e quem não foi”. “ Verdade, basta ver os aglomerados de pessoas que juntam esse tipo de coisa. Ou então quando se está na estrada e tem uma fila porque todo mundo desacelera o carro para ver a desgraça do outro”. E assim a conversa se desenrolou por diversas horas. E muitas cervejas depois, o assunto voltou à tona. “Olha esse comentário aqui, desejando a morte do rapaz. Como é que pode não é!? Podia ser qualquer um de nós. Só precisou de alguns segundos para esse cara passar a ser tratado como bandido”, disse José. “ Mas ele mereceu! É um bandido como qualquer outro, fazer o que fez. Quem é o imbecil que bebe que nem louco, depois dirige e coloca a vida de outras pessoas em risco!”. O telefone toca e Marcelo atende. Era hora de ir embora. “Sua mulher ligou? Tá mais tu vai dirigir assim? Eu moro aqui, fica por aqui”, alertou José. “ Eu tô zerado rapaz! Deixa de ser doido. Não sou que nem aquele cara”. “ Tu quase caiu agora pra se levantar”. “Fica na tua! Até”, respondeu Marcelo e foi embora cambaleando do bar.
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