quinta-feira, 29 de junho de 2017

Crônicas de um intercambista: O dia que toquei uma múmia


Era um dia de aula normal chegamos na sala e o professor nos avisou que teríamos um dia diferente. Íamos visitar uma igreja a Saint Michan’s Church. Era próxima da escola e fomos caminhando e conversando. Chegando lá pagamos a entrada e começamos uma visita interessante. Começando pelo orgão grande e muito bonito. Além de ter uma história rica sendo o instrumento onde  George Frideric Handel tocou pela primeira vez a música Messiah.  Mas o mais interessante estava abaixo da igreja. Continuamos o tour com o guia contando as diversas histórias da igreja que sobreviveu aos vikings. Sendo uma igreja cristã e depois protestante. Chegando a parte de fora ele abriu uma porta na lateral, que parecia com aquelas de filmes de tornados onde ficam os esconderijos. “ Na época cristã acreditava-se que ser enterrado embaixo de um igreja era sagrado. Primeiro essa honra era dada àqueles que mereciam, mas depois a igreja começou a vender os espaços”, explicou o guia. Entramos no primeiro corredor e parecia mais uma cela de prisão do que túmulos. Pequenos espaços com grade e caixões. Até que no final uma parte estava sem grade e alguns corpos estavam a mostra. Devido a ventilação o local dos corpos tem o perfeito estado para a mumificação. Logo estavam bem conservados.Estavam a mostra devido a ação do tempo. Notamos que em um dos caixões o corpo estava sem os pés. “ Quando não cabia no caixão eles cortavam partes do corpo para caber”, disse o guia. Lá no fundo um corpo me chamou atenção. Era de uma estatura média e segurava uma espada. “ Aquele acredita-se ser de um cruzado e dizem que se você encostar  no dedo direito dele traz sorte. Alguém quer tentar? Podem ir lá”, disse o guia. Como bom turista, fui sem exitar. E encostei nos dedos daquele cadáver da idade média. Uma foto e acredito que passou um pouco de sorte. Pode até ser. Porém toda a história por trás disso era muito fantástica. Teoricamente todos os espaços continuam ativos, já que foram vendidos por diversas famílias. Saímos então do primeiro corredor. O guia abriu a segunda porta e uma lição de vida seria ensinada nesse dia. Porém, deixemos este mistério para a próxima crônica.  

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Estado Policial

Recentemente o ministro do STF Gilmar Mendes proferiu um discurso que foi transmitido pelo Youtube. Foram 40 minutos de fala, sendo que uma expressão me chamou a atenção: “Estado Policial”. Disse ele: “É preciso colocar limites. Não podemos despencar para um modelo de Estado Policial…”. O que seria esse modelo? Será que estamos indo nessa direção? Não precisamos ir muito longe. Saíndo da política, na última semana, quando um jovem de 23 anos teve sua vida interrompida por bandidos, em Navegantes. Quantos jovens como esse já perderam a vida só nesse início de ano? Indo para o futebol apenas em um final de semana praticamente duas brigas de torcidas foram registrada. Um sendo entre apoiadores do mesmo time. E outro sendo justificada pelo fato de que a torcida organizada adversária avançou onde estava localizada a loja do organizada do outro time e que esta estava lá para proteger o local. Como se fosse o velho oeste. Como se fosse uma guerra, quando se deixa um batalhão cuidando da base. E o que se faz? Praticamente nada, ou zero. A impunidade faz parte do dia a dia da nossa sociedade. Porém basta ricos, políticos e os próprios membros do judiciário serem presos e investigados que aparecem termos como este. Gostaria de saber em que mundo vivem estes poderosos de Brasília? O ministro esquece que nunca iremos cair em um “Estado Policial”, porque o país já está dominado. Facções criminosas que assassinam candidatos a vereador no Rio de Janeiro para que os seus vençam. Candidatos a governador financiados pelo tráfico. O Comando Vermelho e o PCC já movimenta mais dinheiro que muitos estados brasileiros. E continuam tentando dominar todo o país, encontrando resistência e promovendo chacinas como vimos no Amazonas. A verdade é que estamos, sim, despencando para um modelo de “Estado Banditatorial”. Quem me dera poder viver nesse modelo proposto por Gilmar Mendes. Afinal se não houvessem tantos bandidos em todas as esferas, não estaríamos vivenciando esses episódios. Não existiriam operações da Polícia Federal nem investigações. Até porque, como teríamos um “Estado Policial”, se nem efetivo temos? Se faltam cadeias para abrigar tantos presos? - motivo pelo qual vários delinquentes continuam soltos na rua e nos estádios de futebol. Se não fossem as leis, frouxas e velhas que não se modernizam diante de tantas turbulências no câmara? Pense nisso. É hora de construirmos um futuro melhor. É hora de reformar e renovar a administração pública, porque no fim do dia tudo se volta a precarização dos órgãos públicos em todas as áreas. O Brasil está em uma das mais perigosas guerras: a silenciosa.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Crônicas de um intercambista: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”

“Nós que aqui estamos, por vós esperamos”, o documentário que vai de lápide em lápide contando histórias da humanidade e dos personagens inventados, era isso o que se passava em minha mente. Estávamos a alguns metros abaixo do chão, em Paris, última cidade de nosso mochilão. O ambiente um pouco escuro dava a ambientação perfeita para as Catacumbas da cidade. A cada novo passo a frase título fazia mais sentido. Pilhas de ossos e diversas “galerias” sendo que, geralmente, os crânios formavam uma figura. Paro, uma delas me chama a atenção. “Um coração, que loucura”, penso. Placas de diversos cemitérios e anos. De 1800, 1864.. e por aí vai. Sem saber onde colocar os ossos dos cemitérios da capital francesa, um dos reis decidiu utilizar os túneis do império romano para o armazenamento. Durante o Iluminismo foi criado a única parte para a visitação. O exercício principal é imaginar o porque de aquelas vidas terem sido perdidas. “Esse morreu em um duelo, olha o buraco no crânio onde a bala passou”, imagino. Crio diversas histórias. Minha imaginação voa, mas um fato me chama a atenção. Todos eram iguais. Não havia distinções de riqueza, cor de pele, sexualidade e afins. Simplesmente diversas pilhas de ossos. Sem distinção. Não tem como não pensar em toda a nossa vida ou refletir sobre a nossa existência como humanos aqui na terra. Afinal, no fim, somos todos iguais. Feitos de carne e osso. De desejos e sonhos. De amor e ódio. Roupas, carros e festas caras nos definem? Não nas Catacumbas. Local onde jazem ricos e pobres, brancos e negros, homo e heteros… Todos iguais. Perdemos tanto tempo brigando e nos dividindo, com opiniões ferrenhas e fechadas, mas a vida não é assim. Muda constantemente. Cada dia perdido em discussões e brigas bobas é descontado de nosso tempo na terra. Viver é estar vivo. É viajar pelos dias e aproveitar as horas. É o cheiro do orvalho, o sorriso de uma criança. É o abraço amigo, a paixão… viver é amar. O sol começava a aparecer era fim da nossa visita as Catacumbas. Saímos em uma das tantas ruas de Paris. Hora de comer algo, voltar para o hotel e rumar para a nossa casa. Apenas com um certeza no coração: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. Hora de aproveitar cada segundo na terra.