Era noite e o sono já tomava conta. Havíamos passado o dia em Bruxelas, na Bélgica, andando por toda a cidade com as nossas mochilas. Tínhamos vindo de Amsterdam, na Holanda, e era hora de esperar na estação de trem a chegada do ônibus para Paris. Tranquilo, certo? Errado. Ao chegar na estação sentamos em um banco e o que chamou a atenção foi a sujeira do local. Era hora de dormir. Ou pelo menos foi o que pensamos. De repente um homem vestido com um terno e diversas roupas juntas carregando um carrinho cheio de coisas começou a brigar consigo e a conversar com algum amigo invisível. Falando e falando. Ele pegava coisas e voltava. Estava com uma tesoura na mão. Devido ao fato de não conseguirmos tirar um cochilo. Decidimos ir para outro banco. Tiramos a sujeira e sentamos. Meus amigos então deitaram e começaram a cochilar. Eu, por outro lado,não estava com sono. Então dei uma volta pela estação e, confesso, tive um pouco de medo. Parecia uma cena de filme. Com diversas pessoas estranhas e mal encaradas.
Não lembro exatamente o motivo, mas decidimos descer e esperar no pequeno espaço com umas seis cadeiras e um banheiro que era a sala de espera para os ônibus. Hora de cochilar? Não muito. Já que a porta automática ficava abrindo e fechando sem parar. Como se um fantasma estivesse entrando e saindo da sala. Então trocamos, mais uma vez, de lugar. Quando tudo parecia tranquilo, porém. Chega um inglês,que não me recordo o nome, com cabelo comprido, um terno batido e uma mala. Se dirige até o banheiro e tenta abrir a porta. Nesse momento, falei as palavras que iria me arrepender e muito:
Não lembro exatamente o motivo, mas decidimos descer e esperar no pequeno espaço com umas seis cadeiras e um banheiro que era a sala de espera para os ônibus. Hora de cochilar? Não muito. Já que a porta automática ficava abrindo e fechando sem parar. Como se um fantasma estivesse entrando e saindo da sala. Então trocamos, mais uma vez, de lugar. Quando tudo parecia tranquilo, porém. Chega um inglês,que não me recordo o nome, com cabelo comprido, um terno batido e uma mala. Se dirige até o banheiro e tenta abrir a porta. Nesse momento, falei as palavras que iria me arrepender e muito:
- O banheiro está fechado porque já passou da meia noite
- Sério? Queria ir para o hotel. - uma pausa - Vocês são de onde?
E assim começava mais um calvário. Ele sentou ao nosso lado e começou a falar e falar e falar. Sobre o Brasil, sobre viagens, sobre bruxelas e, nessa hora, perdi a memória. A única coisa que lembro era pensar: “Como vamos nos livrar desse chato”. Olhei para os meus amigos cansados de ouvir as histórias daquele ser estranho que não ia para o hotel de jeito nenhum. “Não pode ficar pior que isso. Um cubículo, uma porta abrindo e fechando sem parar e um inglês falando mais que dez faustões”, pensei. De súbito surge um policial com um cachorro rosnando alto, enquanto ele berrava que a estação estava fechada. O gelo começou no pé e terminou na orelha. Um homem que estava com sua mulher ao nosso lado foi pegar sua mala e quase foi mordido. Deu um pulo para trás. Então o guarda puxou o cachorro. Ele pegou a mala e saímos. E o inglês? Continuou falando. Mas, dessa vez, começou a interagir com as outras pessoas que aguardavam conosco. Enquanto isso, diversos ônibus chegavam com destino à Paris, mas de outras empresas. Aproveitei um desses embalos e falei para os meus amigos: “O ônibus chegou”. E saí. Eles me acompanharam. Só assim para nos livrarmos do chato. Mas ele se manteve firme e falando sem parar com os que ficaram.
O horário de saída era duas da manhã. Olhamos no relógio e o ônibus já estava atrasado. Após meia hora de uma espera angustiante, finalmente, ele apareceu. O motorista - um baixinho e careca que lembrava muito o ator americano Danny DeVito - desceu apressado e foi abrindo o bagageiro. Colocamos nossas mochilas e entramos. Foi quando vi que os assentos estavam cheios. “Estranho”, pensei. Sentei no primeiro banco disponível. Nesse momento o motorista entrou. Foi quando vi uma mulher e um homem vindo de trás do ônibus. Na hora que “Denny” ia fechar a porta. Eles o cutucaram:
- Com licença. Aqui é Bruxelas?
- Sim.
- É que vamos descer aqui.
- Meu deus! Eu esqueci completamente! Me desculpe! - Respondeu o motorista atordoado.
Desceu imediatamente, abriu o bagageiro e entregou as malas do casal. Correu para dentro do ônibus, pegou uma prancheta e começou a chamar nome por nome as pessoas que iriam descer ali. “ Quase que voltam para Paris”, pensei. Depois de todos descerem, apavorado, o motorista ainda deu mais um conferida. Seguimos viagem e finalmente consegui dormir. Quando acordei, já estávamos em Paris e outro motorista ocupava o volante. Era o fim de uma noite em Bruxelas.

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