Estávamos animados. Meus amigos e eu acabávamos de chegar na primeira cidade de oito em nosso mochilão pela Europa. Havíamos saído de Dublin, Irlanda, e depois de duas horas de vôo, a aeronave começava o procedimento de pouso no aeroporto de Porto, Portugal. A descida foi tranquila e dentro do horário, logo tocaram a famosa musiquinha da Ryanair, companhia famosa entre os intercambistas e europeus pelos seus preços baratos. Começava o procedimento que, ao fim da viagem, já estaríamos craques. Pegamos as bagagens e nos dirigimos para o guichê da imigração. Como era de se esperar, dois apenas estavam funcionando para pessoas não europeias e uma fila enorme se formara. Estávamos um pouco mais para a frente da metade quando um monge, provavelmente, tibetano com suas vestes típicas laranja e vermelha, cabelo raspado se apresentou no guichê. Continuamos conversando e nada de o monge ser liberado. Enquanto isso a fila andava. E nós, preocupados. “Olha lá o cara ainda não passou, será que vamos passar”, falávamos. E o monge continuava a conversar e puxar documentos. A tensão começava a bater. E a fila andando, mais lentamente, já que o monge ocupava um dos guichês. Quando estava próximo de minha vez tentei ouvir um pouco a conversa entre o funcionário do aeroporto e o monge que continuava ali. Falando e apresentando documentos. Já havia se passado, acredito, mais de 10 minutos. Liberado um guichê, era a minha vez. “ Putz, será que vão me barrar?”, pensei.
- Passaporte.
- Está aqui.
- Brasileiro é!?
- Sim.
- Tem muitos brasileiros a vir para cá. Estás em casa. Pode passar, tudo certo.- Falou o funcionário carimbando e me devolvendo o passaporte.
Ao meu lado, continuava o monge. Passei pela catraca e esperei meus amigos, que, também, passaram sem problemas. E o monge? Continuava lá. Claro, virou motivo de piada. Mas o mais engraçado era a paciência que ele demonstrava. Sem levantar a voz ou bater na mesa. Começamos a nos dirigir para o metrô, só que não encontrávamos a saída. Até que vi uma escada rolante e fui descendo, enquantos meus amigos falavam: “Não é aí o metrô”. Então um homem engravatado que estava na minha frente questionou:
- Estás a procurar o Métro?
- Sim. - Respondi segurando o riso, meio sem entender. Porque métro é unidade de medida em Brasileiro. - É aqui mesmo.
Chamei meus amigos e descemos, caminhamos uns 50 metros e chegamos na estação. Era hora de comprar o cartão “Andante”, para que pudéssemos usufruir por três dias do metrô ou métro. E a fila? Bem era igual aqui. Enorme. E seguimos nosso rumo, sem nunca mais encontrar o monge. Que deve estar ainda a apresentar documentos na imigração.
