sexta-feira, 7 de junho de 2013

Laços

As pequenas mãos tocam os dedos grandes e, após reconhecer o toque, o abraçam. O sorriso se faz presente na dona das mãos grandes e mãe das pequenas. Tão pequenas que lutam contra a morte. Porém o sorriso, por de trás dos tubinhos de oxigênio, é visível, enquanto as pequenas mãos seguram o grande dedo. Porém, quando a enfermeira vai ajeitá-lo outra energia toma conta da cena, como se o pequeno soubesse exatamente quem o está tocando, apesar de possuir apenas dois meses. É como se um cordão umbilical invisível unisse, mãe e filho. Uma magia, inexplicável. Que se faz presente nos olhos da mãe, que – cheios de lágrimas – sonham em ver aquele pequeno desfilar pelo mundo e encantar a todos. Olhos que tem dentro de si a esperança de ver, um dia, aquelas mãos serem utilizadas para o trabalho digno, para abraçar o amor e ajudar ao próximo. Olhos que, cheios de lágrimas, parecem sentir cada segundo de dor e agonia da pequena mão, que flutua no ar como se procurasse o grande dedo. A alegria se mistura com a tristeza. Alegria de ter, finalmente, conseguido ter um filho e tristeza por ele estar em uma incubadora entre a vida e a morte. Enquanto toca aquele pequeno, o sorriso se apresenta nos lábios da mãe. Porém quando se afastam, por um segundo,  o coração já começa a chorar.  Cada telefonema, um novo susto. E a luta continua. Sempre sendo renovado por aquele singelo segundo em que as pequeninhas mãos agarram com amor e ternura o grande dedo. Transformando física a ligação divina entre uma mãe e um filho. Que essas pequenas mãos não se esqueçam dessa batalha, nem tampouco das que virão. Para que, um dia, possa agradecer aos grandes dedos tudo o que foi conquistado. Que essas pequenas mãos, não sejam um dia significado de morte para aqueles olhos cheios de lágrima que tanto sonham com um futuro feliz para toda a família. Como tem acontecido, em alguns casos. Que dinheiro e bens matérias não façam esquecer o cordão invisível deste amor inexplicável. Deste sentimento divino. Os pequenos dedos agora repousam, enquanto a mãe sai do hospital. Acabou o horário de visitas. Porém no próximo dia ela retornará. Até que aquele pequeno possa em seus braços dormir, correr, chorar, ser amamentado e, enfim, viver plenamente

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