São 90 minutos que podem decretar o fim de uma carreira. Toda uma vida resumida em dois tempos de 45 minutos. Basta uma atuação ruim e na outra partida o banco aguarda. Toda uma vida de preparos e batalhas para se profissionalizar. Para estar entre aqueles menos de 10% que viram realmente atletas, após a base. Uma vida sendo jogada em todas as partidas. Desafiando lesões, dias ruins e a crítica. Poucos sabem como é o apagar das luzes do estádio. Ter um família que conta com seus pés para, enfim, construir algo ou até sair da fome. Seja na piscina, no tatame, na quadra ou em um campo, poucos entendem o ser atleta. Aquela adrenalina de desafiar o próprio corpo. Aquela obrigação, que recai sob a maioria, de ter sucesso. Enquanto você lê este texto, tente imaginar quantas crianças, adolescentes e jovens estão treinando e dando seu sangue em busca desse sonho. E quando, finalmente, alcançam o tão sonhado troféu vem com ele o julgamento dos incapazes ou ignorantes. Que realmente acreditam que é só um jogo. Que vêem apenas os louros do ser atleta. O ser esportista é algo a se estudar. Enquanto vivemos uma vida comum eles estão lá treinando horas e horas, sem parar. Porque na realidade não existe talento que substitui a prática. Já que quando a luta começa não tem mais tempo. Aqueles serão os segundos ou minutos que definirão o futuro. Enquanto do sofá julgamos os resultados e até os chamamos de mercenários, principalmente, jogadores de futebol, esquecemos de tudo que se passa até chegar no palco principal. Das batalhas, da entrega e das horas sem ver os familiares que esses esportistas passaram. Tudo parece fácil. Como a judoca brasileira que perdeu nas olímpiadas de Londres e recebeu diversas ofensas, tendo sua redenção no Rio com o ouro. Esquecemos que do outro lado da tela existem seres humanos. Do alto de nosso sofá cremos que é fácil. Mas a verdade é que os atletas treinam tanto que fazem parecer simples. Enquanto isso o esporte segue dando uma segunda chance para a vida de crianças e adolescentes que, provavelmente, acabariam na cadeia ou mortos. E isso no mundo todo. Como o pugilista Manny Pacquiao, um dos maiores da atualidade. Que saiu de uma casa feita com folhas de bananeira, em meio a guerra civil nas Filipinas, para brilhar nos palcos mais chiques e conceituados do boxe. Da fome à fartura. Mas como humanos que somos analisamos apenas a casca. Esquecemos de todo o conteúdo. Vemos apenas os bônus e esquecemos o ônus. E assim como o esporte, na vida, não existe vitória sem entrega, sem trabalho e sem derrotas.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
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