- Amiga, estou cansada. Uma hora ele diz que me ama, na outra volta atrás. Não sei mais o que pensar. É um vai e vém, toda hora! – comentava uma mulher com sua amiga.
- Toma uma decisão logo. Se ele não se decide, joga na parede. Diz que se ele não quiser ter um relacionamento sério, que procure outra. – respondeu a amiga.
- Mas eu tenho medo que ele se afaste. Amo muito ele.
- Nossa, conheceste ele faz um mês. Que amor é esse?
Neste momento, as duas olharam em minha direção e perceberam meu interesse no assunto alheio. Porém nos seus olhares, não existia amizade. Então abaixei minha cabeça, envergonhado por tamanha indiscrição, perguntando-me: “Que amor é esse?”. É engraçado como este sentimento anda banalizado. Um mês, e pronto, algumas mulheres acreditam ter encontrado o amor de suas vidas. Será que isso é carência? Pode ser. Porém o que me atenho é como o amor e a paixão são confundidas no “mundo real”. Sou daqueles que não acredita em “amor a primeira vista”, mas sim em paixão. Não se pode amar outro ser, apenas em um olhar. Porém alguma fagulha pode ser acesa. A paixão tem sintomas parecidos com o amor, porém com uma intensidade muito maior. O coração começa a arder, como um vulcão em erupção. A pessoa, objeto do desejo, não sai do pensamento e o frio na barriga aparece todas as vezes que, por algum motivo, esbarramos com tal pessoa. E quando isso acontece, a pele começa a sentir cada toque daquelas mãos, cada gesto passa a ter outro sentido. E sempre paira a duvida: “Será que ela (e) está afim?”. Quando a pergunta é respondida, e vem o primeiro encontro tudo começa a mudar. O encanto aumenta ou morre. E a cada novo jantar, se deu certo, a paixão vai aumentando. Até que, depois de alguns meses, vêm a grande decisão, o grande passo, ou melhor, a grande pergunta: “Quer namorar comigo?”. E assim o sentimento tende a crescer cada vez mais. E o amor? Bom o amor pode demorar a acontecer. Existem paixões que duram anos. O primeiro sintoma do amor, geralmente, aparece quando damos de cara com os defeitos do outro. Quando tiramos a maquiagem e olhamos a face limpa. E, assim, começa a tarefa difícil. Ainda existe aquela chama que arde, mas a intensidade é menor. O frio na barriga agora tem outros motivos. E sim! É uma tarefa difícil. Amar é aprender a conviver com as qualidades e defeitos do outro. É discutir e se reconciliar. É estar sempre dando forças e ajudando um ao outro. É querer estar sempre de mãos dadas. Compartilhar uma existência. Amar é ser amante e amigo. Conviver com as loucuras de um do outro e compreender que todos erramos e acertamos. E que perfeição só existe no dicionário. Por isso o perdão é a mãe do amor. Sem perdão, nenhum sentimento pode florescer. Então temos que tomar cuidado, ao sair por ai dizendo: “Eu te amo”, ou então acreditando que aquela pessoa, que conhecemos a pouco é o nosso amor. Já que a vida é muito mais rica que um conto de fadas.
