Movido de uma estranha curiosidade me deparei procurando pela definição de morto no meu dicionário Michaelis. Entre os significados, alguns me chamaram atenção, como “Paralisado, sem movimento”. E assim, percebi que muitos viviam. Paralisados em seus mundos, pensando apenas em seus problemas, como se vivêssemos em uma sociedade em que ninguém fosse dependente dos outros. O que pode ser até professado por alguns, mas que na prática não é válido, já que todas as nossas atitudes refletem a nossa volta. E o que é a vida se não um amontoado de conversas, relacionamentos e sentimentos? Porém, não é isso que quero discutir... Sei que comecei a lembrar de todos que conheci que viviam apenas os seus problemas. Paralisados no tempo... Sem mover-se, sem modificar seu modo de vida... Sem refletir. Vivendo, mas sem ter experiência. É, pois como dizia meu tio: Só é experiente quem vive a experiência, ou seja, quem reflete e se reinventa a todo o momento em uma “metamorfose ambulante” é que aprende a viver. É “Não pare na pista”... Não fique sem movimento, não deixe a morte chegar... Outro significado que povoou minha mente foi “Insensível ou indiferente a qualquer sentimento”. Quantos vemos por ai, que já não sentem nada... Caíram no perigoso vale do comodismo e vivem as mesmas coisas todos os dias... Pessoas que deixaram com que a sua rotina, e sua paralisação as deixassem frias com o mundo e consigo. Talvez, por este motivo, às vezes nos deparamos com absurdos, professados por pessoas sem coração. Tais como: “Esses favelados tem todos que morrer”... Infantilidade, ou então... “Deveria ter pena de morte”... Como se isso fosse adiantar alguma coisa. Se matar bandidos funcionasse os EUA seria o paraíso, mas lá a violência, também, é grande. Mas, não vamos mudar de assunto. Não podemos nos deixar morrer... Deixar de sentir cada momento como se fosse o único. O ultimo significado para Morto que me chamou a atenção foi “Esquecido ou apagado da memória de alguém”... Esta talvez seja a pior morte. Digo isso, pois tenho plena consciência de que somos, ainda, aquelas crianças que lutam pela atenção de quem está a nossa volta. Precisamos viver na memória dos outros... Dizem alguns livros, que é melhor receber uma crítica ou uma carícia negativa, do que não receber nada. Pois a indiferença é a pior coisa que pode nos acontecer... Viver esquecidos e solitários... É, acredito que ser esquecido ou apagado da memória de alguém é realmente morrer. Pois a indiferença é a pior coisa. Precisamos nos sentir parte de algo, seja da família, de um grupo de amigos... Precisamos nos sentir inseridos na vida em sociedade. E, podem pensar o que for, mas todos nós queremos ser lembrados. Todos... Por mais que em apenas um coração. Digo isso, pois vejo isto em mim e nas pessoas que me rodeiam. E o pior... É saber que enquanto escrevo estas linhas muitos mortos estão encostando suas cabeças no travesseiro, com lágrimas nos olhos. Paralisados, pois, no tempo, vivendo na indiferença e se sentindo apagadas nas memórias de outrem... Sentindo-se solitárias, já que a sociedade as trata com indiferença. Por isso que ter fé é importante... Por isso as palavras são importantes. E é verdade... Uma palavra proferida é como uma flecha, quando falada não se pode mais voltar. E quem receber a “flechada”, jamais será o mesmo. Por mais que tente perdoar... A ferida vai estar sempre à mostra. Tenham fé amigos... e sintam-se parte deste mundo.
