Com um sorriso tímido e um olhar aconchegante a senhora Henriqueta Meller Casagrande me recebeu em sua casa para contar a sua história. A história de uma Cresciuma, que nascia menina, não no berço de carvão, mas no berço da lavoura e da labuta. Dona Henriqueta nasceu em 1917 e aos 18 anos casou-se com Defende Casagrande, um dos 15 filhos de Augusto Casagrande. “ Conheci meu marido em um enterro, ele me viu e me achou bonita. Namoramos e casamos”, contava-me ela. Após o casamento, Henriqueta viveu 15 dias na casa de sua sogra Cecília Darós Casagrande, mulher de Augusto. No casarão, onde hoje é o museu histórico e geográfico Augusto Casagrande, ela percebeu a rotina da família advinda da Itália. “Seu Augusto veio com seus pais Giuseppe e Augusta. Na Itália Augusta era ama-de-leite e tinha muitas gratificações por isso. Porém já que a família vinha para cá ela veio. Tomava diversos banhos por dia. Estava sempre pegando água do poço”, dizia Henriqueta. Porém seus olhos estavam acuados e sua memória, um pouco apagada, de 93 anos, lembrava de algumas histórias. Suas filhas, também, contavam alguns causos que iam me levando para um mundo distante e totalmente diferente do atual. “O quintal da minha sogra era onde hoje é o Criciúma Shopping, ela ia todos os dias colher verduras para o almoço. A olaria de seu Augusto era próxima de onde hoje é o city clube. Ele possuía muita terra, e além da alvenaria, tinha diversas cabeças de gado e plantação. Tinha , também, uma fazendo em Tubarão”, e enquanto ela e suas filhas forçavam suas mentes eu me deleitava em minha imaginação. Deitava nos campos e via o sol se por. Cavalgava por toda a Cresciuma. Carregava os tijolos da olaria para as primeiras casas da cidade em um carro de boi. Brincava no seleiro e jogava bocha todos os domingos comendo um bom queijo e bebendo um bom vinho, como os Casagrandes. Eu saia de minha Criciúma e viajava por Cresciuma. Saia da aurora brilhante de uma nova e feliz geração e bradava os colonizadores. Italianos, negros, árabes, portugueses, dentre outros... Que transformaram a mata em uma cidade pólo no estado. E a nostalgia sentida por dona Henriqueta, passava em meu coração, transformando-se me um eco que fazia meu alterego gritar: Como é rica a nossa história. Viva a Cresciuma!
P.S. Só para titulo de informação. O casarão onde viveu Augusto e Cecília, juntamente com seus filhos, foi doado para o Município em 1978 pelos netos de Augusto, para que fosse instalado um museu da imigração, nas comemorações do centenário, com a condição de que o novo museu levaria o nome de Augusto Casagrande.
