quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pela avenida

Um senhor caminha pela avenida Centenário de sua outrora Cresciuma. Passeia e se emociona a cada passo. Seu primeiro beijo, na estação de trem, numa noite de carnaval. As missas na catedral e o movimento de emancipação. Tudo como um turbilhão revoa por sua nume. Seus olhos param na antiga casa ferroviária, esquecida casa, que repousa as margens de onde vinha o trilho, de onde estava a estação. Agora desfilam ônibus imponentes, e ao invés da estação, um terminal urbano.

Cansado e com nostalgia, continua sua matilha e põe-se a caminhar. O café São Paulo vem em sua mente...  A praça, pequena praça, sempre ponto zero da cidade, agora rodeada de para peitos. Tempos áureos, onde o carvão aquecia a economia, hoje tão estagnada. Seu coração balança quando lembra da igreja mais bela que repousava na então vila do Rio Maina, porém um ensaio de choro sai de suas entranhas ao lembrar da torre sendo demolida e um novo caixão em construção no seu lugar. “Maior crime contra a história! Pintores vindos da Itália tinham feito obras magníficas no teto”, pensa com raiva.

Seus jogos de bolinha de vidro, suas partidas de futebol... Como assombrações aparecem. A idolatria pelo Metropol, e as grandes disputas travadas nos gramados fazem-no sentir saudade. Mas o principal... A proximidade das pessoas, o cumprimento na rua – mesmo sem conhecer- os abraços, o companheirismo, as festa juninas planejadas com amigos o fazem sentir-se feliz por ter vivido aquele tempo, já que seu futebol migrou para as telinhas, suas bolas de vidro já não existem, seus vizinhos nem o conhecem, as pessoas correm sem se olhar... E a sua estação e o seu primeiro beijo? Hei de repousarem em seu corpo a sete palmos do chão.

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