segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Uma foto, um vídeo e um segundo

Um vídeo, uma foto e um segundo. Tudo o que é necessário para se destruir uma vida ou de familiares de vítimas. Tal a velocidade de compartilhamento entre as pessoas nas mídias sociais. Comentários de pessoas que acreditam, sim, que podem julgar ou serem julgadores dos fatos, como se os presenciasse do conforto de casa. O caso do acidente nesse que vitimou um casal em Içara, é, apenas, uma mostra do quão a sensibilidade está perdendo o valor. Como se tudo fosse um filme. O desejo de compartilhar, de ganhar curtidas e de, através disso, sentir uma sensação de importância dentro da sociedade é mais forte. E, assim, perdese o valor da vida humana. Familiares recebendo tais fotos e vídeos, como se quisessem lembrar de seu ente querido daquela forma. Muitas vezes na ânsia de fotografar/filmar e compartilhar esquece-se da realidade, como se tudo aquilo existisse, apenas, no virtual. A noção de humanidade está morrendo e o valor de um ser não se mede mais pelas obras construídas, mas sim pelas curtidas e “likes”. Por isso temos que tomar cuidado a todo o momento sobre o que compartilhamos, filmamos ou fotografamos. Até as mais inocentes imagens podem ser utilizadas em notícias falsas e causarem prejuízos inimagináveis. Principalmente, pelo julgamento dos comentários feitos na sala de casa. Como se do outro lado da tela não morasse uma vida. Enquanto essa ânsia por ser o portador das notícias e de estar “antenado” toma conta, vidas se perdem. Não podemos esquecer que o mundo está fora dos nossos smartphones. Ele está ao nosso redor, em nossas atitudes e no jeito em que tratamos os outros. Muitas vezes parecesse que as mídias sociais potencializaram o que há de bom, com debates e críticas construtivas, mas, também, o que existe de ruim na sociedade. Com as fofocas e o julgamento, como se todos fossemos superiores. Não podemos deixar a sensibilidade e o bom senso morrerem nessa ansiedade de mostrar aos outros os fatos. Tenhamos consciência do que passamos à frente e do que postamos em grupos e conversas privadas. Porque basta um segundo para acabarmos com a vida de alguém ou com a nossa. Basta uma foto ou vídeo para dilacerarmos uma família. Já que não temos controle sobre a repercussão dessas atitudes no mundo virtual.