segunda-feira, 24 de julho de 2017

Reforma Trabalhista

É hora de começar o turno, Márcio coloca o seu jaleco e se preparar para ir ao torno começar o trabalho. No caminho, seu chefe o chama. “Estou com problemas! Não posso perder esse emprego’”, pensa. Ao chegar no escritório, o chefe olhando pela janela começa o discurso:

- Bom você sabe que estamos passando por problemas financeiros. Os pedidos diminuíram e precisamos reduzir custos. A crise está forte ainda.

- Sim, mas está voltando ao normal.

- Não, impressão sua. Bom, vou ser direto, o que acontece é que não temos mais condições de te manter aqui…

- O senhor está me demitindo? Depois de 20 anos! Tudo o que fiz por essa empresa…

- Calma! Não é bem um demissão. Podemos entrar num acordo. Te darei uma opção que ficará bom para nós e para você: o trabalho intermitente. Nós o demitimos, pagamos sua indenização e você nos devolve metade. Então continuará trabalhando.

- Mas isso não pode! Se vocês está me demitindo, porque eu te devolveria?

- Na verdade, estou lhe dando uma opção de continuar empregado. E claro que posso, você não viu a reforma? Estou tentando te ajudar aqui.

- Mas meu salário vai diminuir? E a insalubridade?

- Ah! O teu salário vai depender das horas que tu trabalhar. Hoje você recebe R$20 a hora, após a mudança será R$10. Insalubridade? Não visse o acordo com o sindicato? Não tem mais.

- Mas e o piso da categoria?

- Não serve para nada. No trabalho intermitente só as horas que você fará que importarão.

- Bom pelo menos a rescisão vai me dar um bom dinheiro.

- É... assim, mudou o cálculo então você receberá menos.

- Mas eu comecei a trabalhar antes de a lei ser aprovada.

- Bom, entre na justiça se não concorda. Então o que será? Vais continuar conosco? Sabe neh!? Não está fácil arranjar emprego.

- E o seguro?

- Não tens direito.

Márcio ficou fitando seu chefe, sem saber o que responder. Um turbilhão pensamentos. “Mas se eu for só demitido e não encontrar emprego? Não posso ficar sem trabalhar, minha família depende disso..”

- Tudo bem!

- Isso! Você tomou a decisão certa. Amanhã depositaremos o valor e você nos trás o combinado e já assina os papéis. Fechado?

- Fechado.

Apertaram as mãos e Márcio voltou ao trabalho. Ainda sem acreditar. “Todos falam que a economia está reagindo, estou trabalhando o mesmo que antes da crise”, pensava. Até conversar com seus colegas e descobrir que apenas os encarregados não estavam sendo demitidos e contratados como terceirizados ou para receber por hora trabalhada. “O que faremos?Nada? Pelo jeito...”, disse a si.