sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O contrário do amor

Dedos no teclado, olhos na tela e uma missão: Escrever sobre o amor. Ou, melhor, sobre o oposto do amor. Missão difícil. Como começar? Do começo, já diriam alguns engraçadinhos.  A idéia de escrever sobre esse tema veio em uma entrevista para um trabalho com o presidente da ONG Médicos de Alma, Gulherme Pavan Vieira.  No meio do bate-papo ele falou que nas palestras que eles davam faziam uma pergunta simples para a platéia: Para você o que é o contrário de amor? E a maioria respondia: ódio. Então ele me disse que na verdade a resposta é o orgulho.  Porque o orgulho? Porque ele nos impede de ouvir nosso irmão, nos impede de ajudar ao próximo, nos cega e nos faz perder o amor. Interessante? Bom eu fiquei impressionado com esse raciocínio.  Já que muitos psicólogos, filósofos, pensadores e maconheiros nos dizem sempre que Amor e Ódio são irmãos. Vem da mesma fonte. Já que quando odiamos estamos dando atenção ao objeto de nosso ódio. Desta forma ele se torna parte de nossa vida. Quando amamos queremos cuidar, quando odiamos cuidamos à espreita esperando o primeiro tombo, mas cuidamos.  Agora quando o orgulho nos domina, não reconhecemos nossos semelhantes. Não nos permitimos conhecer certas pessoas, ou não deixamos com que elas entrem em nossas vidas.  Porque, simplesmente, nos achamos mais do que qualquer um e rotulamos a todos.  “Esse não serve para minha filha porque vai ser pobre”.  “Meu deus não quero ser amiga dela, olha as roupas que ela veste”. “ Vou atravessar pra não ter que cumprimentar aquela chata”. “Ah não... Aquele pobretão ta vindo na minha direção, porque os ricos não chegam em mim?”.  Imagens, rótulos... Futilidades. Isso que vem com o orgulho.  Impedindo-nos de simplesmente conhecer o próximo, de amarmos aos outros. Porque sempre somos melhores que eles em algum sentido.  Como colegas de trabalho que convivem há 20, 15, 30 anos e não se conhecem.  Como casais que vivem juntos por 20, 40, 10 anos e não se conhecem, ou, tem medo de mostrar suas preferências.  E às vezes, as pessoas que estão a nossa volta só precisam de um ouvido solicito e uma palavra carinhosa. “Um gesto pequeno, mas que pode salvar vidas”, disse meu amigo Guilherme.  Às vezes nosso orgulho, não nos deixa enxergar o próximo. Não nos deixa sentir a aflição dos filhos, a dor do irmão, a tristeza da esposa ou do marido, o sofrimento do nosso colega de trabalho...  E assim vamos machucando corações, às vezes, apenas com poucas palavras ou com nossa indiferença. Até que percamos todos e nos encontremos com “a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”, como diria Raul Seixas. Títulos, dinheiro e imagens desmoronam, mas o amor fica.  Porque aquele que tu ignoras, por orgulho, pode ser o único que futuramente irá segurar tua mão. Não nos orgulhemos do que somos, do que fomos ou do que seremos. Simplesmente vamos amar! Missão cumprida? Talvez, ainda temos que aprender a colocar em prática.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Novo Ano, Nova Vida

Fogos, bebida, festa e esperança. Assim começou o ano, para alguns. Televisão, refrigerante, silêncio e dor. Assim começou o ano, para outros. Porém é inegável que nasce um novo ano. Novas conquistas, novas perdas. Novos amores, novas brigas. Novos dias, horas e meses. E, assim, a alma respira e se renova. É tempo de reflexão. Porém alguns seguem apenas boiando no mar da vida, deixando a maré os levar. Enquanto outros constroem sua jangada e tentam dominar o vento para zarpar em busca da sua terra prometida.  Ano de Copa do Mundo no Brasil. Ano de eleições presidências. Ano de mudança? Esperamos que sim. Esperamos voltar as ruas e pedir mais educação e saúde para um governo que gasta milhões com uma máquina pública ineficiente e paternalista. Queremos mudar! A violência que assola as ruas e que nos trancafia dentro de nossos medos. Quando dirigimos temos de cuidar de todos e de nós, pois não sabemos quando poderá surgir um bêbado e invadir nossa pista levando consigo nossa história. Quando vamos adentrar aos portões de nossas residências temos que olhar com cautela quem está próximo, pois uma arma pode ser colocada em nossas cabeças e nosso “investimento” de uma vida ser levado. Não se pode mais nem dar aquela namoradinha no carro, na frente da casa da amada. Os riscos aumentam a cada segundo.  Enquanto isso nosso dinheiro jorra do planalto para contas na suíça. Porém ser brasileiro é não desistir nunca! E mais um ano esperamos melhoras. Em 2013 demos nosso grito de misericórdia e em 2014 é hora do grito de ordem! Vamos para a rua novamente, vamos quebrar este governo falido, para que se esqueça dessa politicagem e se faça política. Ou então deixemos que se criem “Ministérios da Felicidade”, como no caso dos venezuelanos. Felicidade pra quem? Para os 36 ministros que comandam forças falidas e mortas em si.  Vamos construir nossa jangada! Pois é assim que se começa a mudança. Dentro de cada um, dentro das nossas atitudes. Em 2014 não fure a fila do trânsito pelo acostamento, não busque vereadores para burlarem o SUS, não seja omisso, não aceite vale gasolina dos candidatos, não traia sua amada, não desperdice água, não jogo lixo nos rios... Enfim é tempo de mudar as atitudes, pois não são os grandes ícones que fazem o mundo se modificar, mas cada um de nós. Dentro de nossas vidas, dentro de nossas atitudes.  Que 2014 seja um ano melhor em todos os sentidos! Embora as tragédias já estejam anunciadas.