domingo, 4 de março de 2012

O jardim

Caminhava pelas estradas de meu bairro quando meus olhos fizeram meu corpo parar e ficar imóvel. Ali, atrás dos muros, observavam um jardim magnífico e logo entendi porque minhas pernas pararam. Rosas tomavam café com margaridas, jasmins cantarolavam enquanto os Girassóis filosofavam buscando a luz da verdade. Cada flor parecia desfilar por entre a grama... Desfilar pela vida. Umas mais egoístas outras orgulhosas de sua beleza, mas cada uma, dentro de suas imperfeições, cumprindo com sua missão de me fazer, humano que sou descer de meu pedestal e reconhecer o divino naqueles segundos de contemplação. Meu coração angustiado pelo futuro que há de vir, perde-se, sem preocupações, ante aquelas cores maravilhosas. “Quem as plantou?”, pergunto-me. Além da visão meu olfato se entrega... Jasmins... Ah! Os jasmins... Como queria deitar-me sobre suas pétalas para morrer de sentir o adocicado perfume daquela brancura. “Quanto tempo demorou para que estas flores crescessem?”, continuo a me questionar. “Será que valeu a pena esperar?”. E assim tento imaginar como foi o processo de construção daquela maravilha. Preparar a terra, desenhar onde cada flor seria plantada e, então, jogar as sementes. Após, esperar Deus fazer seu milagre e da inerte terra ver brotar um caule verde e sem graça. E deste caule as folhas, das folhas as primeiras flores. Porém cada flor demorando seu tempo para desabrochar... E logo recordo de minha infância e das sementes plantadas dentro de meu coração. Ali, naqueles poucos segundos, descubro que, dentro de suas imperfeições, as flores cumprem sua missão de alegrar, embelezar, perfumar e, mais importante de tudo, despejar amor à sua volta. Algumas flores morrem para que paixões possam nascer. Outras simplesmente vivem a procura do sol da verdade. E assim, cada uma, dentro de si, carrega seu fardo e cumpre sua missão sem se preocupar, me emocionando pela sua simplicidade. Olho para o céu e pergunto... “Jardineiro está feliz com sua angustiada flor?”