O narrador, também, ansioso para ver brilhar a estrela, entra no clima e transporta sentimento em sua fala. E os comentaristas influenciam os angustiados a terem uma opinião formada, ou então, xingá-lo. “Esse cara não sabe nada! Ele não ta no 4-4-2, ele ta no 4-4-3”. Os sons das cornetas não param na TV e o ouvido não agüenta mais, a comida já está quase pronta. “O irene, ta pronto o cachorro? Rápido, esse jogo ta acabando... e essas cornetas já to de saco cheio!”. O fim está próximo.
Todos ainda na pressão, observando e se concentrando na telinha ou telona mágica. Alguns com fantasias, óculos coloridos, chapéus diferentes, outros não tão empolgados, pensando na bolsa de valores e na idiotice dos homens que veneram um esporte e matam ou morrem, literalmente, pelo seu time. Mal sabe ele, que esporte, não é diversão é guerra. É o instinto competitivo de nosso lado animal. São pessoas tentando mostrar sua superioridade muscular ou de raciocínio. E o juiz? Figura paradoxal. Para os que se sentem roubados é um FDP, Desgraçado, PNC. Já para os torcedores do outro time um santo, um ótimo profissional... Quase um Deus.
E assim o tempo vai passando... Os nervos do corpo se contorcendo e o coração batendo cada vez mais rápido. Um grito fica guardado dentro do corpo. Todos querendo soltá-lo o mais rápido possível, mas “o time não ta ajudando, os ‘caras’ não tão jogando nada!”. E assim, sempre assim, nosso mundo verde e amarelo vai passando e o nosso patriotismo morrendo a cada novo confronto na tão famosa copa. Porém o coração de um apaixonado sempre gostará de sentir está angustia no peito e de soltar o famoso grito. Não mais por seu país, agora por seu time. No mais, tudo igual, políticos fazendo promessas... Pessoas morrendo de fome... Economia crescendo... Desigualdade também... Porém tanto faz. O importante mesmo é gritar: “Hexa campeão! Hexa campeão! Hexa Campeão!”.
